Pressionada pelos preços dos alimentos e dos serviços, a inflação subiu um degrau e deve continuar em alta a maior parte deste ano. Até setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 m-ses deve ser igual ou superior a 6%, preveem economistas. A inflação encerrou 2012 com alta de 5,84%, o terceiro resultado consecutivo acima do centro da meta de 4,5% traçada pelo Banco Central (BC). A mudança de patamar do custo de vida no País é ratificada pelos investidores. A taxa de inflação embutida na remuneração dos títulos do governo brasileiro vendidos no mercado financeiro aponta para um IPCA superior a 6,5% este ano e um pouco abaixo de 6%, mas com tendência de alta, para 2014 e 2015, segundo levantamento da LCA Consultores feito com base nas negociações efetivas desses papéis. "Isso significa que há investidores apostando dinheiro na alta da inflação", observa o economista da consultoria, Antonio Madeira. É consenso entre os economistas de consultorias privadas, bancos e institutos de pesquisa independentes que o IPCA gire em torno de 6% boa parte do ano.
O alívio na inflação, pondera Fábio Romão, economista da LCA responsável por essa projeção, é esperado só para o último trimestre. A partir de outubro, diz ele, o impacto do choque de preços agrícolas de 2012 deve sair da conta do IPCA acumulado em 12 meses, com inflação fechando o ano em 5,3%. Em2012, a alimentação subiu 9,86%e a perspectiva para este ano é de uma alta ainda forte, de 6%. Na semana passada, analistas ouvidos pelo Boletim Focus do BC elevaram de 5,47% para 5,49% a perspectiva de inflação para 2013. Em um mês, o mercado aumentou em 0,10 ponto porcentual a projeção para 2013.
Risco.
Já a economista do Banco Santander, Tatiana Pinheiro, espera inflação de 6% para 2013 e não vê alívio nos preços dos alimentos. Ao contrário: ela diz que o grande fator de risco inflacionário hoje é o clima. Primeiro, porque o impacto da seca já ameaça a redução de 20% na tarifa de energia elétrica anunciada pelo governo no fim de 2012 para vigorar no mês que vem, um dos poucos fatores que atenuariam a inflação. É que a escassez de chuvas, que fez baixar o nível dos reservatórios das hidrelétricas, pode levar ao acionamento das termoelétricas, que têm custo maior na geração de energia. Isso pode diminuir o tamanho do corte na tarifa. O outro impacto do clima, segundo Tatiana, pode recair sobre os preços dos alimentos. Por enquanto, o governo informa que a safra será recorde. Mas, para ela, o cenário agrícola é incerto por causa da falta de chuvas. "As pesquisas mostram que a safra será muito boa.Mas, na verdade, só vamos ter certeza mais para a frente", pondera Salomão Quadros, coordenador dos IGPs da FGV. Ele explica que, se houvesse certeza absoluta em relação à boa safra, os preços dos alimentos já estariam até caindo. Mas esse movimento ainda não foi captado pelos índices de preços agrícolas no atacado.
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Atualizado em: 28/11/2024 07:45 |
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IPC (FIPE) | 0,18% | 0,18% | 0,80% |
IPC (FGV) | -0,16% | 0,63% | 0,30% |
IPCA (IBGE) | -0,02% | 0,44% | 0,56% |
IPCA-E (IBGE) | 0,19% | 0,13% | 0,54% |
IVAR (FGV) | 1,93% | 0,33% | -0,89% |